Monte Santa Helena – O despertar violento de um sono inquieto. - Parte I
Para
que isso aconteça esta montanha deve ser um vulcão com potencial de
desprendimento de energia jamais visto anteriormente, tornando este um evento
de magnitude colossal.
Pois, há 36 anos, tudo o supracitado aconteceu, claro
que não de maneira imediata para os padrões humanos, mas podemos considerar um
“estalar de dedos geológicos”.
Em
18 de maio de 1980, um evento geológico dantesco se desdobrava aos nossos olhos, 2.8 milhões de metros cúbicos de montanha foram removidos
de maneira brutal e assombrosa, se tornando logo de imediato a mais letal e devastadora erupção
da história recente dos Estados Unidos.
Geografia & História
Lord St. Helens |
O monte Santa Helena tem uma altitude (atual) de 2549m, proeminência de 1404m, nome é uma referência ao diplomata britânico Lord St. Helens, por indicação do explorador George Vancouver, um amigo que fez o levantamento da região no final do século XVIII.
A primeira ascensão documentada ao Monte Santa Helena ocorreu nos idos de 27 de agosto de 1853, pelo editor de jornais Thomas Jefferson Dryer, e três companheiros.
Localização
Thomas J. Dryer |
Localização
Sendo
uma das diversas montanhas vulcânicas e não-vulcânicas, no condado de Skamania - Washington, ele está a 154 km ao sul de Seattle, 80 km a
nordeste de Portland, no Oregon. Pertence à Cordilheira das Cascatas, noroeste
pacífico dos Estados Unidos. Esta cadeia de montanhas é formada pelo
contato convergente entre a placa Juan de Fuca, progressivamente sobreposta
pela placa Norte Americana, gera uma zona de subdução responsável pelo
aparecimento deste grupo de vulcões.
Fazendo
parte do Anel de Fogo do Pacífico com mais de 160 vulcões ativos,
são nas Cascatas
onde todas as atividades vulcânicas
continentais têm acontecido nos últimos 200 anos. O Monte
Santa Helena é bem conhecido por suas explosões de cinzas e fluxos piroclásticos
(partículas de magmas juvenis derivados da desintegração explosiva do magma,
podem ser misturas de dois ou mais compostos. Para mais informações e dados
técnicos VULCANOtícias).
O Evento – A montanha viva
Mesmo sendo um dos vulcões mais ativos do “Circulo do Fogo”, este vulcão permaneceu adormecido por 120 anos, compondo com as florestas densas que o margeavam a “paisagem de cartão-postal”. Todo
evento natural é precedido de alguma maneira, e este em particular apresentou por dois meses inúmeros sismos de baixa magnitude. No dia 27 de março, diversas pequenas erupções freáticas abriram uma nova cratera e um arqueamento do flanco norte da montanha foi observado, desde então a região foi evacuada e interditada por questões de segurança. Em 1º de abril de 1980 através de sensores geofonicos e hidrofonicos, sismógrafos registraram sinais relacionados a tremores contínuos, indicando ascensão do magma no interior da montanha. O então abaulamento no lado norte mais parecia a uma bolha com altura de 100 metros e cerca de 1km de diâmetro prestes a estourar.
Diversos
eram os setores em alerta e o pesquisador David Johnstons que permaneceu no posto de
observação a 16 quilômetros de distância da cratera, às 8:32
do dia 18 de maio de 1980 fez o comunicado via rádio: - "Vancouver!
Vancouver! Chegou a hora!"
Após o
registro de um sismo de magnitude 5,1, com uma explosão gerando potência
equivalente a 20 mil bombas nucleares o vulcão entrou em erupção, e pela
deformação da face Norte uma enorme avalanche sujeitou o magma a uma brusca
redução de pressão, ocorreu então uma violenta erupção do tipo explosivo peleano, reduziu a elevação da montanha de 2.950 m para 2.549 m e criou uma cratera de
1,6 km de largura e 1km de profundidade.
Uma
lava viscosa, rica em sílica (63,5% de SiO2) – dacite e vapor de água terá
sido a principal responsável por esta erupção. A fraca fluidez deste tipo de
magma, possibilita uma grande acumulação de material ao longo e em redor da
conduta vulcânica e impede, simultaneamente, uma libertação faseada dos gases
presentes no banho magmático, o que contribui para um aumento de pressão. A
entrada de novo magma na câmara, possivelmente mais pobre em sílica, terá
finalmente aumentado a pressão ao ponto de desencadear a instabilidade que
culminou com esta erupção.
Poucos
segundos após o abalo ter desencadeado a avalanche, toda a energia acumulada no
interior foi liberada. Um violento fluxo piroclástico com mais
1000 km/h, ultrapassou a avalanche, derrubando todas as árvores num raio de 13
km. Uma coluna de erupção elevou-se 19 km acima da cratera, lançando tefra*(cinzas vulcânicas) na
estratosfera e provocando sua queda em onze Estados.
Relato de Dieter Wörner, geólogo da Universidade de Göttingen, na Alemanha:
"Toda a paisagem estava inteiramente
transformada. Nas áreas mais próximas, todas as grandes árvores desapareceram.
Um pouco mais distante, elas pareciam palitos de fósforo espalhados pelo chão,
mas palitos de fósforo de dois metros de diâmetro e 30 metros de comprimento.
Os galhos haviam desaparecido, arrancados pelo impacto da explosão. E tudo
estava coberto por uma camada parda e feia de cinzas. Uma paisagem lunar não
poderia ser pior, pois lá se viam ainda os restos de vida".
Desde a fase explosiva no ano de 1980 o Vulcão Santa Helena regressou, em
2004, a uma fase efusiva com escoadas lávicas lentas. Esta
alternância de fases explosivas e efusivas, resulta no cone vulcânico
característico de um estrato-vulcão, formado por níveis lávicos intercalados
com níveis de tefra e cinza vulcânica libertadas durante as fases explosivas.
O monitoramento de toda a cordilheira vulcânica foi ativado após o evento, com a finalidade de um eficaz sistema de alertas públicos. Por se tratar de uma região relativamente isolada, o risco de efeitos primários nas populações, é reduzido quando comparado com outros pontos do globo, e um doloroso aprendizado revelou a violência e as consequências de uma erupção como esta pode atingir uma área à centenas de quilometros para além da cratera vulcânica.
O monitoramento de toda a cordilheira vulcânica foi ativado após o evento, com a finalidade de um eficaz sistema de alertas públicos. Por se tratar de uma região relativamente isolada, o risco de efeitos primários nas populações, é reduzido quando comparado com outros pontos do globo, e um doloroso aprendizado revelou a violência e as consequências de uma erupção como esta pode atingir uma área à centenas de quilometros para além da cratera vulcânica.
O
impacto sócio-econômico da devastação florestal causado pelas cinzas
vulcânicas, tanto na qualidade de vida, saúde e as potenciais alterações climáticas provocadas pelo evento, são consequências passiveis de prever, mas
que dificilmente evitar!
Monte
Santa Helena
Um triste saldo, cinquenta
e sete pessoas morreram; 250 casas foram destruídas, 47 pontes inutilizadas, 24 km de estradas de ferro e
298 km de rodovias foram destruídos.
Agradecimento ao Geólogo Maurício Ferreira Guimarães
Mestre em Saneamento,Meio Ambiente e Recursos Hídricos.
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